sábado, julho 19, 2008

"não por acaso"


Outro dia loquei um filme para assistir. Não vou relatar sobre o filme, mas duas perguntas fizeram eco: Você gosta do que faz? (e) Você tem duas horas?
O modo de organizar o plano de superfície por onde transitamos, extrapola o plano. Eleva superfícies, cresce em camadas, esburaca o chão, amplia dimensões e vai. Não se sabe aonde isso vai parar, ou para onde isso vai. Nessa mesma intensidade não se tem muito tempo a perder. O fluxo não pára enquanto houver um movente com motor, bateria, pulso, energia, força; o que for, estará em movimento. Já não importa quando tudo isso começou, mas essa força e propulsão da máquina-cidade, nós a sentimos em pleno vapor. Tanto vapor que mal enxergamos o azul do céu, ou encontramos uma árvore para sombrearmos, ou mesmo conseguimos dar um mergulho no mar sem óleo. Tudo isso parece muito longe do consumo de tempo disponível para o deleite. Você tem duas horas? duas horas, hum... O que se faz em duas horas? espera-se um avião no aeroporto, enfrenta-se um engarrafamento antes de chegar ao trabalho, vai-se do trabalho correndo para enfrentar filas para o banco-café-farmácia-almoço, caso a fila do banco esteja indigesta, melhor pular o almoço e ir ao fast-food. É preciso pagar as contas, pegar dinheiro, manter-se acordado e atender a prescrição médica – recomendações à insônia, ansiedade, princípio de depressão e dor no estômago. Para manter a máquina em funcionamento, não há tempo para sentir e nem mesmo para pensar. Para isso se gasta muito tempo; tempo é dinheiro. Não se gasta dinheiro para pensar. Entre pensar e sentir, é melhor consumir. Você faz o que gosta?

Se tiver um tempo assista a um filme.

02, Globo, Fox Film e Petrobrás apresentam um filme de Philippe Barcinski
Não por Acaso reúne Rodrigo Santoro, Leonardo Medeiros e Letícia Sabatella em uma história contemporânea que fala de amor, solidão e desejo de controle e tem São Paulo como personagem

Nenhum comentário: